Instituto Federal de Roraima inicia produção de álcool em gel 70%
Nesta terça-feira, 14, o Instituto Federal de Roraima iniciou a produção em pequena escala de álcool em gel 70% no laboratório de química do Campus Boa Vista Zona Oeste (CBVZO), localizado no Bairro Laura Moreira, na capital de Roraima. A produção envolveu professores dos diversos campi da instituição, mais especificamente oito professores de química e farmácia, mestres e doutores, além de um técnico de laboratório e dois professores colaboradores da Universidade Federal de Roraima (UFRR).
Para a realização do projeto, foram recebidos 65 litros de álcool 70%, doados pelos integrantes do Comitê de Crise para o Enfrentamento ao Coronavírus (CCEC) da instituição, para serem transformados em álcool 70% em gel. O carbômero, usado como espessante, e a trietanolamina, como balanceador de pH, foram doados pelo professor Leovergildo Farias, o provocador para que a produção, inicialmente experimental, ocorresse.
Neste primeiro momento, o produto será destinado aos campi para uso interno. A instituição está empenhada na aquisição de mais insumos para continuar a produção do antisséptico em larga escala, com o objetivo de distribuir também aos setores públicos envolvidos no atendimento à população local, desempenhando assim o seu papel social diante da escassez do produto no mercado. Essa ação institucional vem sendo realizada dentro da legalidade, dependendo ainda de uma autorização da vigilância sanitária estadual. Para que a comunidade externa possa ter acesso ao produto, é necessário cumprir todas as exigências da Anvisa.
Por meio de entrevista on-line, a professora Renara Morais, uma das envolvidas na ação, falou sobre os cuidados no desenvolvimento do produto: "A gente se valeu dos critérios e procedimentos extraordinários e temporários para o preparo do produto, em virtude da emergência da saúde pública, pelas Resoluções 347/2020 e 350/2020 e normas técnicas vigentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além do Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira. O que se deseja é usar nosso conhecimento técnico-científico para dirimir a disseminação do coronavírus fazendo uso desta medida amenizadora”, comentou. A professora também destacou o cuidado envolvido em todo o processo para manter a qualidade após a preparação do produto, que vai desde o fracionamento em embalagens esterilizadas até o rótulo dessa embalagem com informações técnicas necessárias.
Renara aproveitou para fazer um alerta para que não se tente produzir álcool 70% em gel em casa. Ela esclareceu que "não se trata apenas de uma mistura de reagentes; há um conhecimento científico e um ambiente técnico e estéril para esse tipo de produção". Para exemplificar esse tipo de experiência ineficaz e perigosa, ela contou que há pessoas que misturam gel de cabelo com o álcool líquido acreditando que isso surtirá efeito. Segundo ela, não há eficácia para exterminar os micro-organismos, tornando a pessoa ainda mais exposta à contaminação. "As receitas caseiras não garantem a produção do álcool com a concentração adequada para a correta desinfecção das mãos, além de potencializar a proliferação e a contaminação de micro-organismos sobre a pele”, frisou.
Além desse trabalho, a professora adiantou outras perspectivas do IFRR. "Além da produção do álcool em gel, a instituição tem a pretensão de atuar na produção de sabão para ser doado às comunidades mais carentes", contou. No entanto, segundo ela, isso depende de recursos e da autorização legal para a compra de reagentes sob controle da Polícia Federal. "Esse tipo de experiência já foi realizada com alunos de graduação, inclusive antes deste período de pandemia, e torcemos para que seja possível voltarmos a realizar esse trabalho neste momento para contribuir ainda mais para a não disseminação do Coronavírus", declarou.
CBV (Campus Boa Vista); CBVZO (Campus Boa Vista Zona Oeste); CNP (Campus Novo Paraíso); UFRR (Universidade Federal de Roraima)