Campus Boa Vista promove discussão sobre questões de gênero
Com vistas a promover a formação dos professores para lidarem com as questões de gênero na sala de aula, o Departamento de Apoio Pedagógico e Desenvolvimento Curricular do Campus Boa Vista (Dape/CBV) incluiu no Encontro Pedagógico 2019.2 a palestra “Construindo a igualdade de gênero nos espaços escolares”, ministrada pela professora Andréa Freitas de Vasconcelos.
Bacharel em Ciências Sociais e mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Andréa tem experiência na área de educação popular, movimentos sociais e sindicais, com pesquisas relacionadas a direitos humanos, participação política, sociologia de gênero e diversidade.
A palestrante afirma que as discussões sobre gênero representam algo novo no ambiente escolar e têm suscitado muitas polêmicas entre educadores, estudiosos e até familiares. Mas, segundo ela, diante da diversidade presente na sala de aula, é necessário promover debates que abordem o tema para além da sexualidade. “A escola recebe meninos e meninas, indígenas, negros, população LGBTQ+, pessoas com deficiência, imigrantes, que trazem consigo sua herança cultural muito arraigada. E, diante dessa diversidade, o professor tem de trabalhar essas questões no sentido de construir espaços de respeito, liberdade e confiança, para que a escola seja, de fato, um espaço de tolerância e inclusão, e não de exclusão. Para que a escola cumpra esse papel de incluir todos os segmentos, faz-se necessário esse debate, como um espaço de aprendizado, de formação, e todos os educadores têm esse papel fundamental de promover os valores éticos, de intervir, quando necessário, porque, do contrário, a escola continuará reproduzindo modelos de exclusão que adoecem, que maltratam, que levam centenas de jovens à depressão ou até mesmo ao suicídio. O educador deve estar atento à essas relações”, disse.
Na escola, é bastante comum a utilização de termos aparentemente neutros, masculinos e femininos, sem nenhum critério definido. Nela também, algumas vezes, se criam estereótipos como formas rígidas, por meio dos quais se produzem imagens e comportamentos, e acaba-se separando os indivíduos em categorias. Entretanto, as diferenças não devem ser necessariamente fontes de estereótipos, mas, quando se ignoram essas diferenças ou se atribuem a elas valores permanentes, sem atentar para as possibilidades de ruptura e de construção de novas definições do que é socialmente concebido como masculino e feminino, corre-se o risco de se reforçar a desigualdade de gênero; daí a importância de se promoverem esses debates. “Essa temática ainda gera grandes interrogações, em especial pela própria compreensão da abordagem pedagógica que devemos ter em sala de aula. Uma das palavras-chave que surgiu nessa discussão foi a palavra respeito, que destaco como o primeiro passo para compreendermos as diferenças que estão em nosso cotidiano e que, muitas vezes, diante de nossa história formativa, temos dificuldade de lidar”, declarou a diretora-geral do CBV, professora Joseane de Souza Cortez.
Diante do grande interesse dos professores pelo tema e das várias indagações feitas durante o debate, a proposta é que se promovam mais momentos de discussão sobre as relações de gênero no contexto educacional. “Precisamos falar mais sobre a cultura do respeito, construir laços mais profícuos com nossos alunos e colegas no ambiente do trabalho, contribuindo, assim para a diminuição de incidências relacionadas à saúde mental”, disse a professora do curso Técnico em Secretariado Elisângela Costa.