Grupo de apoio visa promover ajuda e cuidado para pais e familiares de crianças autistas

por Virginia publicado 08/05/2023 15h48, última modificação 08/05/2023 15h48
Além dos pais e familiares, o projeto tem como público-alvo crianças e adolescentes autistas na faixa etária de 0 a 18 anos de idade. Os encontros do grupo de apoio ocorrem a cada 15 dias, sempre aos sábados, com uma vasta programação.

O projeto de extensão Grupo de Apoio: Cuidando de Quem Cuida é formado por pais, além de outros familiares, que têm filhos com transtorno do espectro autista (TEA).  A proposta do projeto é que os integrantes se reúnam com regularidade para trocar experiências, refletir sobre as suas dificuldades e, a partir disso, encontrar formas de enfrentar as dificuldades e vencer os desafios. As atividades incluem rodas de conversas, eventos esportivos e recreativos, além de reuniões técnicas para a produção de materiais de divulgação e de sensibilização.

Além dos pais e familiares, o projeto tem como público-alvo crianças e adolescentes autistas na faixa etária de 0 a 18 anos de idade.

O projeto de extensão é realizado no Campus Boa Vista do Instituto Federal de Roraima (CBV/IFRR) e foi idealizado pela professora Cristiane de Oliveira, mãe da pequena Luara, de 9 anos, que tem autismo.

Segundo Cristiane, o recebimento do diagnóstico de TEA demanda dos familiares um ajustamento e reorganização nos papéis e situações de vida diante da nova realidade, a qual oscila em momentos de angústia, aceitação, rejeição e esperança, fase conhecida como processo do luto. Nesse contexto, a participação em uma rede de apoio representa o fortalecimento de laços com os pares para o enfrentamento da situação. “O projeto surgiu a partir de um grupo de WhatsApp de pais e familiares que compartilham esses sentimentos durante a descoberta e a procura por profissionais das especialidades sugeridas pelo médico. Como professora de estudantes autistas e mãe de uma criança com TEA, acredito que o projeto permitirá auxiliar nas dificuldades pessoais e profissionais, trazendo à tona aspectos fundamentais de como trabalhá-las a partir das concepções dos demais e de profissionais que serão convidados como palestrantes para os momentos de estudos e reflexões, além de colaborar para a qualidade de vida das crianças. Portanto, o trabalho proposto é de suma importância para a comunidade, uma vez que proporciona um suporte adequado às famílias de crianças autistas. Tal suporte se faz necessário para um acompanhamento efetivo do desenvolvimento do transtorno, o qual afeta diferentes facetas da vida do indivíduo e de sua família”, explicou Cristiane.

Os encontros do grupo de apoio ocorrem a cada 15 dias, sempre aos sábados, com uma vasta programação.

A acadêmica do curso de Tecnologia em Gestão de Turismo Kelly Cristina Nôvo Ferreira conta que está há um ano no projeto e que a experiência é muito gratificante. “É maravilhoso poder interagir com as crianças com TEA e seus familiares. São crianças carismáticas, e eu estou muito feliz de poder conhecer um pouco do mundo delas. Tentamos integrá-las em todas as brincadeiras e ensinamos um pouco o que pode e o que não pode em relação às outras crianças, como não bater, não morder, não empurrar, não gritar e outras atitudes e comportamentos que irão ajudá-las a se desenvolver, como tomar banho, escovar os dentes, entre outros ensinamentos. Além disso, realizaremos algumas ações sociais. Estamos confeccionando caixas para serem utilizadas em campanhas de arrecadação de roupas, calçados, alimentos, bijuterias e outros acessórios que serão vendidos em um bazar para arrecadar recursos para a compra de brinquedos pedagógicos para as crianças carentes. Também arrecadaremos alimentos para as cestas básicas que serão doadas às famílias atendidas pelo projeto”, disse.

Muryanne Gianluppi é mãe de autista e presidente da União de Pais e Pessoas Autistas (UPPA), organização parceira do grupo de apoio. Ela relata que o fortalecimento entre as famílias se fortalece a cada dia mais. “O acolhimento e a dedicação das psicólogas é maravilhoso, pois temos um momento para falarmos sobre o que sentimos com apoio profissional. O acolhimento, o abraço são fundamentais e, muitas vezes, somente por meio do olhar já nos conectamos, pois os desafios são semelhantes. E a compreensão entre as famílias, evidenciada nos relatos, quando nos colocamos no lugar do outro, é muito importante. No último encontro, tivemos um relato de um pai que mexeu muito comigo. Ele fez um relato sobre a importância da família no tratamento e, mesmo com condições financeiras mínimas, falou sobre o companheirismo com sua esposa. A delicadeza que sua esposa teve com ele para que compreendesse o autismo e soubesse lidar com as questões e a adaptação dos filhos. Cada relato do grupo deixa sempre um gostinho de querer conversar mais, pois a compreensão de cada família é algo muito significativo”, declarou.

A psicóloga da Coordenação de Assistência ao Estudante do campus (Caes/CBV) Alizane Ramalho de Sousa Aniceto é uma das voluntárias do projeto. Ela esclarece que a partilha amorosa é o que une o grupo, pois os integrantes se ajudam mutuamente a não abandonar o processo e a perceber o outro como parceiro de crescimento. “Acreditamos na potência transformadora do grupo, pois o ser humano é um ser social, de relações. Precisamos do encontro para nos constituir como sujeitos, resolver nossos dilemas e, para isso, devemos escutar e respeitar sempre. E ajuda mútua é um espaço livre de julgamentos, de rótulos. É um espaço seguro para os pais falarem sobre suas dores, suas queixas. No grupo, aprendemos a respeitar as dores dos outros, aprendemos a escutar, a respeitar o tempo de fala e de elaboração de cada um”, afirmou.

Para obter mais informações sobre o projeto e o cronograma de encontros, o interessado deve falar com coordenadora Cristiane Pereira pelo telefone (95) 99150-3024.

 

Virginia Albuquerque
CCS/Campus Boa Vista
8/5/23