Projeto de Letramento em Língua Portuguesa beneficia comunidade surda
Neste mês, duas datas importantes constituem marcos históricos da inclusão da pessoa com deficiência: 21, Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, e 26, Dia Nacional do Surdo. Com foco na inclusão da pessoa surda, o Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne) do Campus Boa Vista do Instituto Federal de Roraima (CBV-IFRR) desenvolve, desde 2016, o projeto Letramento em Língua Portuguesa.
O projeto é uma experiência realizada como atendimento educacional especializado (AEE) para estudantes surdos e pessoas da comunidade externa com o objetivo de aprimorar, ampliar e aprofundar as habilidades de escrita e leitura da língua portuguesa como L2, ou seja, como segunda língua, para a promoção da inserção social e educacional, favorecendo a ampliação da leitura de mundo e a interação com diversas linguagens, além da contribuição para a permanência e o êxito nos cursos de educação profissional em que estão inseridos.
De acordo com a coordenadora do projeto, professora Esmeraci Santos do Nascimento, o letramento em língua portuguesa visa não só promover o acesso, a permanência e o êxito. “Partindo-se da necessidade de promover o acesso pedagógico aos cursos em que os alunos surdos estão inseridos, visando à sua permanência e êxito e, consequentemente, garantir a inclusão, pretende-se ainda promover para a comunidade externa o acesso a processos educativos. As aulas do projeto primam por aspectos como estabelecer relações com outras leituras e conhecimentos, identificar o gênero textual em estudo, perceber a importância sociocultural e discursiva do gênero textual, identificar nome do autor, lugares, referências de tempo e espaço no texto, qualidades e características, entre outros”, explicou.
Política de Inclusão – O CBV/IFRR busca implementar políticas públicas direcionadas a pessoas com necessidades educacionais específicas atendendo ao que está disposto na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei 13.146/2015, que, no seu artigo 28, capítulo IV, diz que compete ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; oferta de educação bilíngue, em Libras, como primeira língua, e na modalidade escrita da língua portuguesa, como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas; acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas.
Destaques – As professoras Esmeraci Santos e Antonia Luzivan Policarpo levarão a experiência com o projeto de letramento para o XII Consiple (Convergência de Águas e Encontro de Pluralidades em Português), onde apresentarão o trabalho Educação de Surdos: Experiências de Letramento em Língua Portuguesa no Extremo Norte do Brasil. O evento ocorrerá no período de 25 a 27 de setembro de 2019, em Manaus (AM).
Esse evento tem como objetivo propiciar a interação entre professores, pesquisadores e estudantes da área com vistas à promoção do ensino, da pesquisa e do intercâmbio da produção científica.
Outra publicação sobre o projeto do letramento intitulada “Letramento de língua portuguesa para pessoa com surdez”, também de autoria conjunta das professoras, será divulgada no mês de novembro, no volume n.º 3 do livro eletrônico Letras, Linguística e Artes: Perspectivas Críticas e Teóricas, da Atena Editora.